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08 O Vinho nos Tempos do Antigo Testamento

ESTUDOS DOUTRINÁRIOS

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O VINHO NOS TEMPOS DO ANTIGO TESTAMENTO 

 

Nm 6.3 “de vinho e de bebida forte se apartará; vinagre de vinho ou vinagre de bebida forte não beberá; nem beberá alguma beberagem de uvas; nem uvas frescas nem secas comerá.”

PALAVRAS HEBRAICAS PARA “VINHO”. De um modo geral, há duas palavras hebraicas traduzidas por “vinho” na Bíblia.

(1) A primeira palavra, a mais comum, é yayin, um termo genérico usado 141 vezes no AT para indicar vários tipos de vinho fermentado ou nãofermentado (ver Ne 5.18, que fala de “todo o vinho [yayin]” = todos os tipos).

(a) Por um lado, yayin aplica-se a todos os tipos de suco de uva fermentado (Gn 9.20,21; 19.32-33; 1Sm 25.36,37; Pv 23.30,31). Os resultados trágicos de tomar vinho fermentado aparecem em vários trechos do AT, notadamente Pv 23.29-35 (ver a próxima seção).

(b) Por outro lado, yayin também se usa com referência ao suco doce, não fermentado, da uva. Pode referir-se ao suco fresco da uva espremida. Isaías profetiza: “já o pisa dor não pisará as uvas [yayin] nos lagares”  (Is 16.10); semelhantemente, Jeremias diz: “fiz que o vinho [yayin] acabasse nos lagares; já não pisarão uvas com júbilo” (Jr 48.33).

Jeremias até chama de yayin o suco ainda dentro da uva (Jr 40.10,12). Outra evidência que yayin, às vezes, refere-se ao suco não fermentado da uva temos em Lamentações, onde o autor descreve os nenês de colo clamando às mães, pedindo seu alimento normal de “trigo e vinho” (Lm 2.12).

O fato do suco de uva não fermentado poder ser chamado “vinho” tem o respaldo de vários eruditos. A Enciclopédia Judaica (1901) declara: “O vinho fresco antes da fermentação era chamado yayin-mi-gat [vinho de tonel] (Sanh, 70a)”. Além disso, a Enciclopédia Judaica (1971) declara que o termo yayin era usado para designar o suco de uva em diferentes etapas, inclusive “o vinho recém-espremido antes da fermentação.” O Talmude Babilônico atribui ao rabino Hiyya uma declaração a respeito de “vinho [yayin] do lagar” (Baba Bathra, 97a). E em Halakot Gedalot consta: “Pode-se espremer um cacho de uvas, posto que o suco da uva é considerado vinho [yayin] em conexão com as leis do nazireado” (citado por Louis Ginzberg no Almanaque Judaico Americano, 1923). Para um exame de oinos, o termo equivalente no grego do NT, à palavra hebraica yayin, ver os estudos O VINHO NOS TEMPOS DO NOVO TESTAMENTO (1) e (2).

(2) A outra palavra hebraica traduzida por “vinho” é tirosh, que significa “vinho novo” ou “vinho da vindima”. Tirosh ocorre 38 vezes no AT; nunca se refere à bebida fermentada, mas sempre ao produto não fermentado da videira, tal como o suco ainda no cacho de uvas (Is 65.8), ou o suco doce de uvas recém-colhidas (Dt 11.14; Pv 3.10; Jl 2.24). Brown, Driver, Briggs (Léxico Hebraico-Inglês do Velho Testamento) declaram que tirosh significa “mosto, vinho fresco ou novo”. A Enciclopédia Judaica (1901) diz que tirosh inclui todos os tipos de sucos doces e mosto, mas não vinho fermentado”. Tirosh tem “bênção nele” (Is 65.8); o vinho fermentado, no entanto, “é escarnecedor” (Pv 20.1) e causa embriaguez (ver Pv 23.31 nota).

(3) Além dessas duas palavras para “vinho”, há outra palavra hebraica que ocorre 23 vezes no AT, e frequentemente no mesmo contexto — chegar, geralmente traduzida por “bebida forte” (e.g., 1Sm 1.15; Nm 6.3). Certos estudiosos dizem que chegar, mais comumente, refere-se a bebida fermentada, talvez feita de suco de fruto de palmeira, de romã, de maçã, ou de tâmara. A Enciclopédia Judaica (1901) sugere que quando yayin se distingue de chegar, aquele era um tipo de bebida fermentada diluída em água, ao passo que esta não era diluída.

Ocasionalmente, chegar pode referir-se a um suco doce, não fermentado, que satisfaz (Robert P. Teachout: “O Uso de Vinho no Velho Testamento”, dissertação e doutorado em Teologia, Seminário Teológico Dallas, 1979). Shekar relaciona-se com shakar, um verbo hebraico que pode significar “beber à vontade”, além de “embriagar”. Na maioria dos casos, saiba-se que quando yayin e chegar aparecem juntos, formam uma única figura de linguagem que se refere às bebidas embriagantes.

A POSIÇÃO DO ANTIGO TESTAMENTO SOBRE O VINHO FERMENTADO. Em vários lugares o AT condena o uso de yayin e chegar como bebidas fermentadas.

(1) A Bíblia descreve os maus efeitos do vinho embriagante na história de Noé (Gn 9.20-27). Ele plantou uma vinha, fez a vindima, fez vinho embrigante de uva e bebeu. Isso o levou à embriaguez, à imodéstia, à indiscrição e à tragédia familiar em forma de uma maldição imposta sobre Canaã. Nos tempos de Abraão, o vinho embriagante contribuiu para o incesto que resultou em gravidez nas filhas de Ló (Gn 19.31-38).

(2) Devido ao potencial das bebidas alcoólicas para corromper, Deus ordenou que todos os sacerdotes de Israel se abstivessem de vinho e doutras bebidas fermentadas, durante sua vida ministerial. Deus considerava a violação desse mandamento suficientemente grave para motivar a pena de morte para o sacerdote que a cometesse (Lv 10.9-11).

(3) Deus também revelou a sua vontade a respeito do vinho e das bebidas fermentadas ao fazer da abstinência uma exigência para todos que fizessem voto de nazireado (ver a próxima seção).

(4) Salomão, na sabedoria que Deus lhe deu, escreveu: “O vinho é escarnecedor, e a bebida forte, alvoroçadora; e todo aquele que neles errar nunca será sábio” (Pv 20.1 nota). As bebidas alcoólicas podem levar o usuário a zombar do padrão de justiça estabelecido por Deus e a perder o autocontrole no tocante ao pecado e à imoralidade.

(5) Finalmente, a Bíblia declara de modo inequívoco que para evitar ais e pesares e, em lugar disso, fazer a vontade de Deus, os justos não devem admirar, nem desejar qualquer vinho fermentado que possa embriagar e viciar (ver Pv 23.29-35 notas).

OS NAZIREUS E O VINHO. O elevado nível de vida separada e dedicada a Deus, dos nazireus, devia servir como exemplo a todo israelita que quisesse assim fazer (ver Nm 6.2 nota). Deus deu aos nazireus instruções claras a respeito do uso do vinho.

(1) Eles deviam abster-se “de vinho e de bebida forte” (6.3; ver Dt 14.26 nota); nem sequer lhes era permitido comer ou beber qualquer produto feito de uvas, quer em forma líquida, quer em forma sólida. O mais provável é que Deus tenha dado esse mandamento como salvaguarda ante a tentação de tomar bebidas inebriantes e ante a possibilidade de um nazireu beber vinho alcoólico por engano (6.3-4). Deus não queria que uma pessoa totalmente dedicada a Ele se deparasse com a possibilidade de embriaguez ou de viciar-se (cf. Lv 10.8-11; Pv 31.4,5). Daí, o padrão mais alto posto diante do povo de Deus, no tocante às bebidas alcoólicas, era a abstinência total  (6.3-4).

(2) Beber álcool leva, frequentemente, a vários outros pecados (tais como a imoralidade sexual ou a criminalidade). Os nazireus não deviam comer nem beber nada que tivesse origem na videira, a fim de ensinar-lhes que deviam evitar o pecado e tudo que se assemelhasse ao pecado, que leva a ele, ou que tenta a pessoa a cometê-lo.

(3) O padrão divino para os narizeus, da total abstinência de vinho e de bebidas fermentadas, era rejeitado por muitos em Israel nos tempos de Amós. Esse profeta declarou que os ímpios “aos nazireus destes vinho a beber” (ver Am 2.12 nota). O profeta Isaías declara por sua vez: “o sacerdote e o profeta erram por causa da bebida forte; são absorvidos do vinho, desencaminham-se por causa da bebida forte, andam errados na visão e tropeçam no juízo. Porque todas as suas mesas estão cheias de vômitos e de imundícia; não há nenhum lugar limpo” (Is 28.7-8). Assim ocorreu, porque esses dirigentes recusaram o padrão da total abstinência estabelecido por Deus (ver Pv 31.4,5 nota).

(4) A marca essencial do nazireado — i.e., sua total consagração a Deus e aos seus padrões mais elevados — é um dever do crente em Cristo (cf. Rm 12.1; 2Co 6.17; 7.1). A abstinência de tudo quanto possa levar a pessoa ao pecado, estimular o desejo por coisas prejudiciais, abrir caminho à dependência de drogas ou do álcool, ou levar um irmão ou irmã a tropeçar, é tão necessário para o crente hoje quanto o era para o nazireu dos tempos do AT (ver 1Ts5.6 nota ; Tt 2.2 nota; ver os estudos O VINHO NOS TEMPOS DO NOVO TESTAMENTO (1) e (2).

 

textos Bíblicos

Pv 23. 29-35

29 Para quem são os ais? Para quem, os pesares? Para quem, as pelejas? Para quem, as queixas? Para quem, as feridas sem causa? E para quem, os olhos vermelhos? 30Para os que se demoram perto do vinho, para os que andam buscando bebida misturada. 31Não olhes para o vinho, quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente. 32No seu fim, morderá como a cobra e, como o basilisco, picará. 33Os teus olhos olharão para as mulheres estranhas, e o teu coração falará perversidades. 34E serás como o que dorme no meio do mar e como o que dorme no topo do mastro 35e dirás: Espancaram-me, e não me doeu; bateram-me, e não o senti; quando virei a despertar? Ainda tornarei a buscá-la outra vez.

Jr 40.10-12

10Eu, porém, eis que habito em Mispa, para estar às ordens dos caldeus que vierem a nós; e vós, recolhei o vinho, e as frutas de verão, e o azeite, e metei-os nas vossas vasilhas, e habitai nas cidades que tomastes. 11Do mesmo modo, quando todos os judeus que estavam em Moabe, e entre os filhos de Amom, e em Edom, e os que havia em todas aquelas terras ouviram que o rei da Babilônia havia deixado um resto em Judá e que havia posto sobre eles a Gedalias, filho de Aicão, filho de Safã, 12tornaram, então, todos os judeus de todos os lugares para onde foram lançados, e vieram à terra de Judá, a Gedalias, a Mispa, e recolheram vinho e frutas do verão com muita abundância.

Pv 23.31 NÃO OLHES PARA O VINHO, QUANDO SE MOSTRA VERMELHO.

Este versículo adverte sobre o perigo do vinho (hb. yayin) uma vez fermentado. Portanto, o yayin a que se refere esta passagem deve ser distinguido do yayin não fermentado (ver Is 16.10 e o estudo O VINHO NOS TEMPOS DO ANTIGO TESTAMENTO). Fermentação é o processo pelo qual o açúcar do suco de uva converte-se em álcool e em dióxido de carbono. (1) O verbo "olhar" (hb. ra?ah) é uma palavra comum que significa "ver, olhar, examinar" (cf. Gn 27.1); ra?ah é também empregado no sentido de "escolher", o que sugere que não devemos olhar com desejo para o vinho fermentado. Deus instrui seu povo a nem sequer pensar em beber vinho fermentado; nada se diz nesta passagem sobre beber vinho com moderação. (2) O adjetivo "vermelho" (hb. ?adem) significa "vermelho, avermelhado, rosado". Segundo o Lexicon de Gesenius, isso refere-se à "efervescência" do vinho no copo, i.e., seu borbulhar cintilante. (3) A frase seguinte: "quando resplandece no copo", diz literalmente "quando [o vinho] dá olho no copo".Trata-se das bolhas de dióxido de carbono produzidas pela fermentação, ou à aparência borbulhante do vinho fermentado.

Pv 23.32 NO SEU FIM, MORDERÁ COMO A COBRA.

Deus proíbe seu povo de contemplar o vinho quando vermelho, pois o vinho fermentado destrói a pessoa, qual serpente e, como víbora, ele a envenena. Os efeitos do álcool são demoníacos e destruidores; incluem olhos avermelhados, visão turva, mente confusa e palavras perversas e enganosas (vv. 29,33). Tomar bebidas leva o indivíduo à embriaguez (v. 34), aos ais, à tristeza, à violência, às brigas, aos danos físicos (vv. 29,35) e ao vício crônico (v. 35; ver a nota seguinte; ver Rm 14.21 nota).

Pv 23.35 AINDA TORNAREI A BUSCÁ-LA OUTRA VEZ.

Este trecho descreve os efeitos da dependência do vinho  fermentado. Frequentemente, aquele que bebe, quer beber sempre mais, até
perder seu autocontrole. É por isso que a Palavra de Deus diz: "Não olhes para o vinho". O crente não deve beber nenhuma bebida embriagante. Esta ordem é atual e válida para o povo de Deus hoje.

Gn 9.20-27

E começou Noé a ser lavrador da terra e plantou uma vinha. 21E bebeu do vinho e embebedou-se; e descobriu-se no meio de sua tenda. 22E viu Sem, o pai de Canaã, a nudez de seu pai e fê-lo saber a ambos seus irmãos, fora. 23Então, tomaram Sem e Jafé uma capa, puseram-na sobre ambos os seus ombros e, indo virados para trás, cobriram a nudez do seu pai; e os seus rostos eram virados, de maneira que não viram a nudez do seu pai. 24E despertou Noé do seu vinho e soube o que seu filho menor lhe fizera. 25E disse: Maldito seja Canaã; servo dos servos seja aos seus irmãos. 26E disse: Bendito seja o Senhor, Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo. 27Alargue Deus a Jafé, e habite nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.

Gn 19.31-38

Então, a primogênita disse à menor: Nosso pai é já velho, e não há varão na terra que entre a nós, segundo o costume de toda a terra. 32Vem, demos a beber vinho a nosso pai e deitemo-nos com ele, para que em vida conservemos semente de nosso pai. 33E deram a beber vinho a seu pai naquela noite; e veio a primogênita e deitou-se com seu pai, e não sentiu ele quando ela se deitou, nem quando se levantou. 34E sucedeu, no outro dia, que a primogênita disse à menor: Vês aqui, eu já ontem à noite me deitei com meu pai; demos-lhe a beber vinho também esta noite, e então entra tu, deita-te com ele, para que em vida conservemos semente de nosso pai. 35E deram a beber vinho a seu pai, também naquela noite; e levantou-se a menor e deitou-se com ele; e não sentiu ele quando ela se deitou, nem quando se levantou. 36E conceberam as duas filhas de Ló de seu pai. 37E teve a primogênita um filho e chamou o seu nome Moabe; este é o pai dos moabitas, até ao dia de hoje. 38E a menor também teve um filho e chamou o seu nome Ben-Ami; este é o pai dos filhos de Amom, até o dia de hoje.

Lv 10.9-11

8E falou o Senhor a Arão, dizendo: 9Vinho ou bebida forte tu e teus filhos contigo não bebereis, quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais; estatuto perpétuo será isso entre as vossas gerações, 10para fazer diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo, 11e para ensinar aos filhos de Israel todos os estatutos que o Senhor lhes tem falado pela mão de Moisés.

Pv 20.1

O VINHO É ESCARNECEDOR, E A BEBIDA FORTE, ALVOROÇADORA. Este versículo descreve a natureza e o mal em potencial da bebida fermentada. Note a prescrição da bebida embriagante juntamente com os seus efeitos. (1) O vinho, como "escar-ne-cedor", frequentemente leva ao escárnio e zombaria daquilo que é bom (cf. 9.7,8; 13.1; 14.6; 15.12). As bebidas alcoólicas, por serem "alvoroçadoras", frequentemente causam distúrbios, inimizades e conflitos nas famílias e na sociedade. (2) O vinho e as bebidas embriagantes são chamados escarnecedores e alvoroçadores independentemente da quantidade ingerida. (3) "Aquele que neles errar", por julgar que as bebidas embriagantes são admissíveis, boas, saudáveis ou inócuas, se ingeridas com moderação, desconsidera a advertência clara das Escrituras (23.29-35). (4) Esta condenação da bebida alcoólica não significa que a Bíblia condena o uso de todos os tipos de "vinho". Yayin, a palavra hebraica comum para "vinho" no AT, frequentemente se refere ao suco de uva não fermentado. A Bíblia não condena o uso de vinho não fermentado (ver 23.29-35 notas; ver o estudo O VINHO NOS TEMPOS DO ANTIGO TESTAMENTO).

Amos 2.12 AOS NAZIREUS DESTES VINHO A BEBER.

Deus consagrara os nazireus para serem os mais sublimes exemplos de dedicação e justiça em Israel (ver Nm 6.2 nota). Parte de sua consagração consistia em abster-se de todos os tipos de vinho (ver o estudo O VINHO NOS TEMPOS DO ANTIGO TESTAMENTO). Os israelitas gostavam tanto de bebidas inebriantes (6.6), que chegavam mesmo a subverter os nazireus para que estes abandonassem o seu compromisso de abstinência. Por causa disto, Deus lhes traria a condenação (2.12-16). Os que induzem o próximo ao pecado, incluindo a ingestão de bebidas alcoólicas, devem estar atentos à advertência divina.

Nm 6.2 NAZIREU.

A palavra "nazireu" (hb. nazir, de nazar, "pôr à parte") designa a pessoa consagrada e dedicada totalmente ao Senhor. A dedicação poderia durar um período determinado, ou por toda a vida (Jz 13.5; 1 Sm 1.11). (1) Os nazireus eram suscitados pelo próprio Deus para demonstrarem através do seu modo de vida, o máximo padrão divino de santidade, de consagração e de dedicação, diante do povo (cf. Am 2.11,12). O voto de nazireado era totalmente voluntário. O propósito disso era ensinar a Israel que a dedicação total a Deus deve primeiro brotar do coração da pessoa, para depois expressar-se através da abnegação (vv. 3-4), do testemunho visível (v. 5) e da pureza pessoal (vv. 6-8). A dedicação completa do nazireu é um exemplo daquilo que todo cristão deve procurar ser.

6.3 VINHO... BEBIDA FORTE. Para estudo do nazireu em relação ao vinho e bebida forte, ver o estudo O VINHO NOS TEMPOS DO ANTIGO TESTAMENTO.

6.3 BEBERAGEM DE UVAS. A palavra traduzida "beberagem" (hb. mishrah) refere-se a uma bebida feita com uvas ou restos de uvas, espremidos e deixados de molho na água.4Todos os dias do seu nazireado, não comerá de coisa alguma que se faz da vinha, desde os caroços até às cascas.

 

Dt 14.26 BEBIDA FORTE... TU E A TUA CASA.

 Este versículo concerne a ocasiões especiais de adoração e ação de graças a Deus, por toda a família, a saber: homens, mulheres, jovens e crianças. O termo hebraico aqui, para "vinho" (yayin), pode significar o suco de uva fermentado ou não fermentado. O termo hebraico para bebida fermentada (chegar) admite a tradução "bebida doce" (ver o estudo O VINHO NO ANTIGO TESTAMENTO, para o significado comum dessas duas palavras hebraicas). A tradução acima, de yayin, elimina a dificuldade, i.e., o texto aparentemente ordena que adultos e crianças adorem a Deus, tomando bebida embriagante e viciante. Qualquer estudo visando a exata interpretação deste versículo, deve levar em consideração as seguintes observações. (1) O propósito do culto de adoração era "para que aprendas a temer ao SENHOR, teu Deus, todos os dias" (v. 23). A fim de adorar a Deus devidamente, e a aprender a temê-lo, é necessário ao adorador estar totalmente sóbrio e temperante (ver Ef 5.18 nota; 1 Ts 5.6 nota; ver o estudo O TEMOR DO SENHOR). Note que Deus requer a abstinência total de bebidas embriagantes, para que se distinga entre o que é santo e o que é profano, para ensinar corretamente os seus mandamentos (Lv 10.9) e para fazer com que ninguém esqueça da lei de Deus (ver Pv 31.4,5 notas). (2) Os sacerdotes levitas deviam estar presentes no culto de adoração (vv. 27-29). Deus ordenou que esses sacerdotes se abstivessem de bebida embriagante (sob pena de morte) durante o seu ministério sacerdotal (Lv 10.9). Seria totalmente contrário ao caráter santo de Deus, Ele ordenar o livre uso de bebida embriagante aos fiéis, estando estes acompanhados dos sacerdotes. (3) O evento em apreço tratava-se da Festa da -Colheita, durante a qual, produtos frescos do campo eram consumidos (v. 23). Esse fato sugere que a bebida consumida aqui, era o suco novo e fresco de uva. (4) Além disso, as recentes descobertas de terríveis deformações causadas pelo álcool, em fetos no ventre materno, deve-se levar em conta, antes de alguém afirmar que um Deus onisciente, abençoou, aprovou ou ordenou que pais, mães e crianças israelitas se "regozijassem" diante dEle, tomando bebida alcoólica e viciante (ver Pv 23.31 nota; ver o estudo O VINHO NOS TEMPOS DO NOVO TESTAMENTO (2))

Pv 31.4,5 NÃO É PRÓPRIO DOS REIS BEBER VINHO.

O padrão de comportamento requerido por Deus para os reis e governantes do seu povo, especialmente no tocante a beber vinho fermentado e bebidas inebriantes, era elevado. (1) O hebraico diz literalmente aqui: "Que não haja ingestão". Nada há nesta passagem que permita alguém beber com moderação (ver 20.1 nota; 23.29-35 notas; ver o estudo O VINHO NOS TEMPOS DO ANTIGO TESTAMENTO). (2) A razão por que os reis e os governantes não devem beber bebidas inebriantes é que, afetados pela bebida, eles podiam esquecer-se da lei. A bebida os faria moralmente fracos e os levaria a desobedecer à lei de Deus e a perverter a justiça. Este texto levou os rabinos judaicos a decretar que o juiz que bebesse um renuth (i.e., um copo de vinho) "não podia tomar assento no juízo, nem numa escola, nem podia ensinar em tais circunstâncias" (Koplowitz, Midrash, yayin, p. 30). (3) O mesmo princípio regia os sacerdotes, que no AT ministravam perante o Senhor a favor do povo (Lv 10.8-11; ver 10.9 nota). (4) Todos os salvos do NT são feitos reis e sacerdotes de Deus, pertencentes ao reino espiritual de Deus (1 Pe 2.9). Logo, o padrão de Deus para os reis e sacerdotes quanto a não ingerirem bebidas embriagantes é igualmente aplicável a nós (ver Nm 6.1-3; Ef 5.18 nota; 1 Tm 3.3 nota)
 

1Ts 5.6 SEJAMOS SÓBRIOS.

A palavra "sóbrio" (gr. nepho) tinha dois significados nos tempos do NT. (1) O significado primário e literal, conforme explicam vários léxicos do grego, é "um estado
de abstinência de vinho", "não beber vinho", "abster-se de vinho", "estar totalmente livre dos efeitos do vinho" ou "estar sóbrio, abstinente de vinho". A palavra tem um segundo sentido,
metafórico, de alerta, vigilância ou domínio próprio, i.e., estar espiritualmente alerta e controlado, exatamente como alguém que não toma bebida alcoólica. (2) O contexto deste versículo deixa
ver que Paulo tinha em mente o significado literal. As palavras "vigiemos e sejamos sóbrios" são contrastadas com as palavras do versículo seguinte: "os que se embebedam embebedam-se de
noite" (v. 7). Sendo assim, o contraste que Paulo fez entre nepho e a embriaguez física indica que ele tinha em mente o sentido literal: "abstinência do vinho". Compare com a declaração de
Jesus a respeito dos que comem e bebem com os ébrios, e assim são apanhados desprevenidos na sua volta (Mt 24.48-51).
 

Tt 2.2 OS VELHOS QUE SEJAM SÓBRIOS.

O significado nítido desse texto é que os homens mais idosos devem ser um exemplo para todos os crentes, para se apresentarem a Deus como sacrifício vivo, abstendo-se de vinho embriagante (ver 1 Tm 3.2,11, onde a palavra "sóbrio" é usada com referência aos pastores e às mulheres). Esta interpretação tem apoio nos fatos abaixos: (1) "Sóbrios" (gr. nephalios) é definido nos léxicos do grego do NT como o sentido principal de abster-se de vinho. Vejamos as definições abaixo: "A palavra originalmente refere-se à abstinência de álcool" (Chave Linguística do NT Grego, Reinecher e Rogers, EVN); "quem não bebe vinho" (Dicionário Grego de Bizâncio, Atenas, 1839); "não com vinho; sem vinho" (Liddell  e Scott); "livre de toda infusão de vinho" (Moulton-Milligan); "sem qualquer vinho" (Kittel e Friedrick); "não misturado com vinho" (G. Abott-Smith); "literalmente, estado de abstinência do vinho" (Brown, Dicionário de Teologia do Novo Testamento, EVN, Vol. 1). Brown acrescenta: "nephalios ocorre somente nas Epístolas Pastorais e denota o modo de vida abstinente exigido dos
bispos (1 Tm 3.2), das mulheres (1 Tm 3.11) e dos mais idosos (2.2)". R. Laird Harris afirma que "nephalios é usado regularmente entre os autores clássicos no sentido de livre de todo o vinho" (The Bible Today, p. 139). (2) Os escritores judaicos contemporâneos de Paulo e de Pedro confirmam o uso comum da definição principal acima. Josefo declara, com referência aos sacerdotes judaicos, que "em todos os aspectos, são puros e abstinentes (nephalioi), sendo-lhes proibido beber vinho, enquanto usarem as vestes sacerdotais" (Antiguidades, 3.12.2). Filo também declara que a alma regenerada "se abstém (nephein) continuamente e durante a totalidade da sua vida" (Embriaguez, 37). (3) À luz do que foi dito, não se pode, em boa consciência, supor que o apóstolo Paulo empregou essa palavra sem conhecer seu significado principal (ver 1 Ts 5.6 nota). Além disso, trata-se neste versículo da divinamente inspirada Palavra de Deus.

 

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